8.3 – O Sacramento da Unção dos Enfermos

w     Depois de ter-se estudado os Sacramentos que significam o nosso nascimento espiritual (Batismo), crescimento espiritual (Crisma), alimento espiritual (Eucaristia) e remédio espiritual (Confissão), falta-se estudar o Sacramento que nos prepara para a morte, antes de chegarmos à Ordem e ao Matrimônio. Este Sacramento que nos prepara para a morte se chama Unção dos Enfermos.

8.3.1  Origem Etimológica

w     A palavra unção vem do Latim  unctio, e significa ato ou efeito de ungir, de aplicar óleo consagrado numa pessoa.  

w     Enfermo vem também do Latim infirmus – ‘fraco, débil, adoentado”.

8.3.2   O Sacramento da Unção dos Enfermos – sua instituição

A Instituição do Sacramento da Unção dos Enfermos

w     O Sacramento da Unção dos Enfermos foi instituído, por Cristo, quando enviando os discípulos dois a dois (conforme descrito em Marcos 6, 7-13), para continuar  a missão de Jesus: pedir mudança radical da orientação de vida (conversão), desalienar as pessoas (libertar dos demônios), restaurar a vida humana (cura). Em Marcos 6,13 está explicito: “Expulsavam demônios e curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo”.

w     Tiago na sua Epístola Católica (Tg 5,14-15) exorta, que no caso de doença, a comunidade intervenha através dos responsáveis, ali chamados de presbíteros. A unção do doente com óleo, juntamente com a invocação do poder do Senhor, assegura para o doente a salvação, isto é, o bem-estar físico (recuperação) e espiritual (o perdão dos pecados)


8.3.3   O Sacramento da Unção dos Enfermos – o por quê de sua instituição

w     Do mesmo modo que na doença e em perigo de morte precisamos de um fortalecimento especial para o corpo, precisamos igualmente fortalecer a alma, deixando-a pronta para essa passagem terrível que é a morte, quando estaremos diante de Nosso Senhor Jesus Cristo para sermos julgados dos nossos atos.

w     Para nos ajudar a ir para o Céu, nesse momento da doença grave, Jesus Cristo, o amigo dos doentes, vem-nos em auxílio e institui o Sacramento da Unção dos Enfermos. Sabe-se que Jesus instituiu o Sacramento da Unção dos Enfermos, pelo  que está escrito na Epístola de São Tiago, Apóstolo: “Alguém dentre vós está enfermo? Mande chamar os Presbíteros (Padres) da Igreja e orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o aliviará e os pecados que tiver cometido ser-lhes-ão perdoados” (S. Tiago, 14).

w     Esta carta de São Tiago nos mostra que os Apóstolos já administravam o Sacramento da Extrema-Unção, ou seja, eles só podem ter aprendido isso do próprio Jesus Cristo.

w     Todo católico que, por doença, acidente ou velhice avançada, estiver em perigo de morte, deve receber a Extrema-Unção. Mesmo as crianças com doenças graves e em perigo de morte podem recebê-la, desde que já tenham alcançado a idade da razão.

w     Normalmente, devemos receber a Extrema-Unção já tendo recebido a absolvição dos pecados. Ao menos devemos ter o arrependimento de todos os nossos pecados. Ajudado pelo Padre, o doente se encherá de confiança ao pensar que Jesus Cristo, o vencedor da doença e da morte, lhe traz auxílio e faz com que sua doença lhe sirva para sua salvação e a salvação de muitos outros. A Extrema-Unção deve ser dada a tempo para que o doente receba o Sacramento ainda plenamente consciente, para que possa acompanhar as orações do Padre e dos familiares.

w     Sabemos que os Sacramentos que imprimem caráter (Batismo, Crisma e Ordem) nunca podem ser recebidos mais de uma vez. A Unção dos Enfermos não imprime caráter. Ela perde seu efeito sacramental quando a doença desaparece e o doente se recupera. Se, depois disso, essa pessoa voltar a ficar doente, com perigo de morte, ela poderá receber novamente a Unção dos enfermos. Mas, enquanto durar a doença, o Sacramento, já recebido uma vez, se mantém na alma e faz daquela pessoa uma alma consagrada a Deus, para que Ele tenha por ela um cuidado todo especial. Por isso, não se deve receber mais de uma vez a Unção dos enfermos durante a mesma doença. Uma só vez basta para que os efeitos atuem durante todo o tempo que durar aquela doença.

8.3.4  Como deve ser administrada a Unção dos Enfermos

w     O Sacerdote unge o doente com o óleo dos enfermos que é a matéria do Sacramento da Unção dos Enfermos. Esta unção deve ser feita seis vezes: nos olhos, nas narinas, nos ouvidos, na boca, nas mãos e nos pés. Para cada unção o Padre repete a forma do Sacramento da Unção dos Enfermos. Temos então:

A.   Matéria: o óleo dos enfermos – é um dos óleos consagrados pelo Bispo na Quinta-feira Santa, na Missa Crismal (assim chamada por causa da benção dos óleos). Deve ser obrigatoriamente de oliveira, ou seja, azeite doce.

B.   Forma: Por esta santa unção e por sua grande misericórdia, Deus te perdoe tudo que fizeste de mal pela … vista (ouvido, olfato, gosto e palavras, tato, passos).


8.3.5  A Graça Sacramental da Unção dos Enfermos

w     A parte visível do Sacramento, a matéria e a forma, significam a parte invisível, que é a graça sacramental. Antigamente, usava-se muito o azeite para curar as doenças. Por isso a Igreja usa o óleo dos enfermos para fazer um gesto que se faz para passar o azeite nas feridas.

w     O Padre unge, ou seja, passa o óleo no corpo do doente, e esses gestos, junto com as palavras da forma sacramental, realizam aquilo que eles significam: não a cura do corpo, mas a cura da alma.

w     A alma que recebeu a Unção dos enfermos tem seus pecados perdoados e está fortalecida para enfrentar a morte. Além disso, se Deus achar que ela não deve morrer, o Sacramento ajudará também na cura da doença e a pessoa ficará boa.

8.3.6     Efeitos da Unção dos Enfermos

I.         Aumenta a graça santificante restabelecida pela Confissão;

II.      Perdoa os pecados que não puderam ser confessados (se houver contrição);

III.   Destrói as penas temporais devidas aos pecados já perdoados (se houver disposição para isso);

IV.    Traz saúde para o corpo, se isso for bom para a alma.

RESUMO

w        Quando temos alguém na família com uma doença muito grave, perto da morte, devemos rezar para que ela queira chamar o Padre, para que faça uma boa Confissão e receba a Unção dos enfermos.

w        Não devemos ter medo de ver um Padre entrar na casa de um doente, ao contrário. Ele não traz a morte, como muitos pensam, mas a vida, que é a presença de Jesus na alma do doente.

w        Com a graça de Deus no coração, o doente recupera as forças da alma, passa a rezar, a se preparar para ir para o Céu.

w        É verdade que a morte é muito triste, mas também é verdade que pela morte vamos para o Céu, para ver a Deus na felicidade eterna.

Notas Finais do Texto do Capítulo 8



[1] Catecismo da Igreja Católica (CIC) 1420

[2] Catecismo da Igreja Católica (CIC) 1421

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